"Pensar sistêmicamente é pensar que tudo no universo está relacionado a tudo, nada é separado, isolado. E que tudo nesta vida segue uma ordem natural dentro de uma hierarquia. Quando ocorre quebra hierárquica, vem uma disfunção. Ex: O ser humano é físico, mental, emocional e espiritual. Se prioriza um em detrimento do outro vai haver complicação. Alguém muito mental , é pouco emocional. Alguém muito espiritualizado é pouco prático (não materializa). "

Para ser um Terapeuta Sistêmico é preciso além da técnica, respeitar os direitos e sentimentos dos outros, que é um bom alimento para se cultivar um relacionamento agradável, ter sensibilidade e ser cauteloso e estar em dois lugares ao mesmo tempo. "

Texto escrito e usado em curso de Prática Sistêmica, por Jaqueline Cássia de Oliveira - fev/2000

domingo, 30 de maio de 2010

Ainda sobre LAÇOS E NÓS FAMILIARES

Sinto que ficou germinando dentro do meu ser o texto que encontrei, ao chegar no auditório da OAB/MG para o III Encontro de Família, projetado no painel de apresentação.
Enquanto todos se acomodavam em suas cadeiras fui lendo e absorvendo a profundidade das palavras de Roberto Crema (psicólogo e antropólogo), que com muita simplicidade e sabedoria nos mostrou a profundidade do ato de relacionar.
E por isso, senti a necessidade de trazer para os que não o conhecem, e para aqueles que já conhecem (e é sempre válido relembrar), o texto que pode nos ajudar a repensar os nossos “encontros”.

ATRITOS
Por Roberto Crema

Ninguém muda ninguém;
ninguém muda sozinho;
nós mudamos nos encontros.
Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos encontros,
desde que estejamos abertos e livres
para sermos impactados
pela idéia e sentimento do outro.
Você já viu a diferença que há entre as pedras
que estão na nascente de um rio,
e as pedras que estão em sua foz?
As pedras na nascente são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas.
À medida que elas vão sendo carregadas
pelo rio sofrendo a ação da água
e se atritando com as outras pedras,
ao longo de muitos anos,
elas vão sendo polidas, desbastadas.

Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar
que não existem sentimentos, bons ou ruins,
sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela vida sem se permitir
um relacionamento próximo com o outro,
é não crescer, não evoluir, não se transformar.

É começar e terminar a existência
com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.
Quando olho para trás,
vejo que hoje carrego em meu ser
várias marcas de pessoas
extremamente importantes.
Pessoas que, no contato com elas,
me permitiram ir dando forma ao que sou,
eliminando arestas,
transformando-me em alguém melhor,
mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras, sem dúvidas,
com suas ações e palavras
me criaram novas arestas,
que precisaram ser desbastadas

Faz parte...
Reveses momentâneos
servem para o crescimento.
A isso chamamos experiência.
Penso que existe algo mais profundo,
ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida
como grandes pedras,
cheia de excessos.

Os seres de grande valor •percebem que ao final da vida,
foram perdendo todos os excessos
que formavam suas arestas,
se aproximando cada vez mais de sua essência,
e ficando cada vez menores, menores, menores...

Quando finalmente aceitamos
que somos pequenos, ínfimos,
dada à compreensão da existência
e importância do outro,
e principalmente da grandeza de Deus,
é que finalmente nos tornamos grandes em valor.

Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tira
de excesso para chegar ao seu âmago.

É lá que está o verdadeiro valor...
Pois, Deus fez a cada um de nós
com um âmago bem forte
e muito parecido com o diamante bruto,
constituído de muitos elementos,
mas essencialmente de amor.
Deus deu a cada um de nós essa capacidade,
a de amar...
Mas temos que aprender como.

Para chegarmos a esse âmago,
temos que nos permitir,
através dos relacionamentos,
ir desbastando todos os excessos
que nos impedem de usá-lo,
de fazê-lo brilhar

Por muito tempo em minha vida acreditei
que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido,
ter e provocar raiva,
ignorar e ser ignorado
faz parte da construção do aprendizado do amor.

Não compreendia que se aprende a amar
sentindo todos esses sentimentos contraditórios e...
os superando.
Ora, esses sentimentos simplesmente
não ocorrem se não houver envolvimento...

E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: ATRITE-SE!
Não existe outra forma de descobrir o amor.
E sem ele a vida não tem significado.

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